Por que Don Norman acredita que o Design de Serviço é a base para o futuro do design? #1
--
Em Maio desse ano, Donald Norman, conhecido como o pai da usabilidade, publicou um vídeo onde fala que o Design de Serviço é a base para o futuro do design, ou como ele chamou para o design do século XXI. Você pode acessar o vídeo ao final deste post. Resolvi reunir aqui em português, os aspectos que ele evidencia sobre o Design de Serviço.
Se você já atua com DS são aspectos já conhecidos e que são utilizados no dia a dia da profissão. Mas para quem está formando em design (em qualquer do seu desdobramento) ou buscando conhecer mais sobre a disciplina, ele traz alguns elementos-chave que são importantes para compreensão do design de serviço.
Vejo, como designer de serviço e professora (em cursos de extensão, graduação e pós), que a muita curiosidade e desejo de compreender melhor a disciplina. Muitas pessoas me procuram buscando referências e/ou dicas de como se aprofundar no tema. Por isso, decidi criar uma série de posts sobre o tema, e também um curso online, chamado “Fundamentos do Design de Serviço”, que reune conteúdos introdutórios e as principais referências de leituras, empresas que atuam no setor e cursos para se aprofundar.
Vamos ao vídeo do Norman, que chamou bastante atenção, já que ele é uma autoridade quando se fala em usabilidade. Se você ainda não o conhece, ele é autor do livro “ The Design of Everyday Things”. Neste vídeo, que eu adoro, da Vox em colaboração com o podcast "99% Invisible" traz o conceito do livro de forma bem prática, com um exemplo bem do dia-a-da: o da abertura de portas.
Norman traz alguns argumentos para falar da importância de ampliar a ação do designer, para além da lógica tradicional das escolas de design, que normalmente é dividida em produto e/ou gráfico. Vamos a eles:
Não existe mais uma distinção tão clara entre produtos e serviços.
Olhe para suas últimas compras. Perceba as coisas que você mais utiliza no dia-a-dia. A gente tem consumido produtos e serviços de forma mista. Mesmo quando uma empresa desenvolve um produto, muitas vezes o mesmo possui internamente algum sistema computacional, o que exige um olhar sobre as interações possíveis e/ou o seu acesso acontece por meio de serviços (ex. um filme que você adquire/aluga por sistema de streaming online).
O Design de Serviço possui um olhar sobre a experiência do(a) usuário(a)
A disciplina do DS olha para as interações e evidencia o passo a passo de como elas acontecem, olhando sobre a ótica de quem consome — o(a) usuário(a) — e também de quem presta o serviço — o(a) prestador(a). Isto é, evidencia como uma experiência acontece e/ou deveria acontecer.
Um bom exemplo prático de design de serviço vem dos universo dos bancos digitais, mais especificamente do NUBANK, que tem trabalhado para facilitar e tornar as interações cada vez mais intuitivas (e menos parecido com as burocracias dos bancos tradicionais).
O designer de serviço atua em colaboração com as pessoas e traz a visão local
O design de serviço utiliza a abordagem de construção de soluções pelo design (ou pelas suas conhecidas variações — design thinking ou design estratégico) e por isso, leva em consideração as pessoas e a cultura local para construção de soluções.
Dentro do mundo do design de produto e/ou gráfico, ainda existe uma visão do(a) “Designer”, assim com D maiúsculo. Aquela pessoa que traz sua visão e assinatura para os projetos. Dentro do DS é claro que também existem personalidades, porém, não é possível projetar uma experiência sozinha — é preciso levar em conta a cultura local, os usuários e prestadores envolvidos.
Norman faz esse vídeo com a intenção de evidenciar a importância de repensar as formações em design, que hoje existem nas escolas e universidades — diminuindo o peso em aspectos com a construção dos produtos e/ou imagens, e ampliar o estudo das interações e desenvolvimento de projetos de forma colaborativa. Mais do que isso, ele aponta a relevância que o design de serviço tem pro mundo, sendo capaz de junto com as comunidades locais, construir soluções que sejam desejáveis, viáveis e sustentáveis dentro da sua realidade.
Com certeza essas habilidades são necessárias para muito além dos cursos de design e outras disciplinas também se beneficiam por um olhar mais humano e colaborativo. E por isso, vemos o interesse crescendo em diferentes áreas — desde as mais óbvias como a tecnologia e a engenharia, aproximam e criando novos processos orientados pelo design de serviço, até a educação, a saúde e o direito que se beneficiam com novas interações e relações construídas a partir do DS.
Para conhecer: Hoje, quando se fala em gradução, vemos cursos no Brasil que já atuam nessa lógica como da Unisinos, em Porto Alegre, e do Instituto Europeu de Design, em São Paulo. Lembrou de mais algum? Comenta aqui se você viu isso na sua faculdade e/ou formação.
Faça o curso: Fundamentos do Design de Serviço, da Talking City, e entenda por meio de conceitos e exemplos práticos, como atuar com Design de Serviço. Espero você! <https://www.talkingcity.co/curso-fds-online>